sexta-feira, 7 de junho de 2013

Mercado Municipal de Piracicaba: confusa história que começou em 1822


Infelizmente — mas como é de praxe entre os povos sem memória, como o somos nós mesmos — o Mercado Municipal de Piracicaba não tem merecido o respeito que lhe deveria ser devido por força de sua longevidade e história. Ele foi inaugurado, no local onde ainda hoje se encontra, no dia 5 de julho de 1888. Mas a grande luta para construí-lo ­- por iniciativa e persistência da “Gazeta de Piracicaba” — começou em 1882, na edição de 12 de agosto daquele ano. Era proprietário e redator daquele hoje histórico jornal Joaquim Borges da Cunha, que propugnava pela construção de um mercado, “uma falta, falta grave” de que se ressentia a Cidade.
Em 1882, Piracicaba era uma das maiores cidades de São Paulo em população, tendo, para efeito de cobrança de impostos, 1.128 casas. Se não havia um mercado central, como era então, o abastecimento da população? Havia mascates que iam de porta em porta oferecendo seus produtos e, também, os “quartos”, cubículos espalhados pelas principais ruas da Cidade: na rua da Palma ( atual Tiradentes), na rua dos Pescadores (atual Prudente de Morais), especialmente. Era uma confusão só: mascates, escravos, tropas de soldados, vendedores e compradores de escravos, animais de carga em atropelos, a molecada, mucamas, donas de casa. A “Gazeta” estava certa: urgia a construção de um Mercado.
A discussão durou seis longos anos. E o responsável para tornar realidade o apelo da “Gazeta” foi o então vereador Manoel de Moraes Barros, que assumiu a idéia e comandou a luta. Todos os interesses entraram em jogo. A idéia original era construir o Mercado na “Cadeia Velha”, a Praça 7 de Setembro dos tempos modernos, onde estaria, hoje, o Coreto do Jardim, diante da Rádio Difusora. Depois, o Largo do Gavião (atual Praça Almeida Júnior), por onde está a Pinacoteca, entre as ruas São José e Morais Barros (antiga rua Direita). Até melhoramentos, como rebaixamento das ruas, começaram a ser feitos. Mas não deu certo: o terreno era muito pedregoso.
Daí, continuou a disputa: construir o Mercado onde atualmente está, “em terreno da rua do Comércio (atual Governador Pedro de Toledo), no canto da rua Esperança( atual rua D.Pedro lI), de propriedade de Maria Josefa de Camargo e de João Comado Engelberg”. Nova confusão: o industrial Engelberg, um dos pioneiros da indústria piracicabana, não queria vender o seu terreno. Então, Jacob Diehl ofereceu um terreno de sua propriedade: na rua da Palma (atual Tiradentes), esquina da rua do Conselho (atual Regente Feijó). Mas o terreno era insuficiente para um mercado e, por outro lado, a Câmara Municipal estava comprometida com dona Maria Josefa. O povo cotizava-se para construir o Mercado.
E, a exemplo do que ocorre ainda hoje, os comerciantes começaram a brigar: o pessoal da rua da Palma (Tiradentes) queria o mercado naquela área; e o pessoal da rua do Comércio (Governador Pedro de Toledo) lutava para que o mercado fosse construído em suas imediações. Aí, pois, parece ter-se consolidado o prestígio dos comerciantes da atual rua Governador (antiga rua do Comércio), atualmente em decadência pelo surgimento dos shoppings: o Mercado iria ser construído lá mesmo no encontro da rua do Comércio com a rua Esperança.
Tudo certo e arranjado, o Mercado foi construído pelo engenheiro que apresentou, segundo a Câmara Municipal, a melhor proposta, Sr..Miguel Asmussen. No dia 22 de fevereiro de 1887, a construção foi concluída. Mas, para o Mercado funcionar, faltava um Regulamento, que foi elaborado por Prudente de Morais e Paulo Pinto. E o Regulamento somente ficou pronto em 1888.

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