Em julho de 1988, em plena ditadura do general
Pinochet, 300 intelectuais e artistas participaram de “Chile Cria”, um encontro
internacional de arte, ciência e cultura pela democracia no Chile. Em nome de
todos os convidados, Eduardo Galeano leu o discurso de inauguração, reproduzido
no livro Nós dizemos Não. Em contextos bem diversos, este texto ainda
é bastante atual e diz muito sobre o que estamos criando em nossa comuna:
“Dizemos não ao elogio do dinheiro e da morte. Dizemos não a um sistema que põe
preço nas coisas e nas pessoas, onde quem mais tem é quem mais vale; (…) nós
dizemos não a um sistema que nega comida e nega amor, que condena muitos à fome
de comida e muitos mais à fome de abraços. Dizemos não à mentira. Essa cultura
mentirosa que, grotescamente, especula com o amor humano para arrancar-lhe
mais-valia. (…) Premiam a nossa obediência, castigam a nossa inteligência e
desalentam a nossa energia criadora. Temos direito ao eco, não à voz, e os que
mandam elogiam nosso talento de papagaios. Nós dizemos não: nós nos negamos a
aceitar esta mediocridade como destino. Nós dizemos não ao medo. Não ao medo de
dizer, ao medo de fazer, ao medo de ser.”
E dizendo não ao triste encanto do desencanto,
dizemos sim ao que realmente importa: à vida, com todas as conseqüências de ter
a coragem de seguir o que faz meu coração vibrar. Em 2013, seguiremos juntos e
espero que, como declarou Charles Chaplin em “O Último Discurso”, a alma do
homem ganhe asas e afinal comece a voar. E que todos “erguemos os olhos”!”
Por Kátia Marko
Eduardo Galeano é jornalista e escritor uruguaio.
Tive acesso ao seu trabalho através do livro, “De Pernas Pro Ar – A Escola Do
Mundo ao Avesso”, uma síntese da realidade e verdades históricas, aquilo que
você não aprende na escola.
Apesar de não estar indicando nenhum livro de
receitas ainda...este é um autor que vale a pena conhecer para uma melhor visão
de mundo. Fica a dica!
Sol Caldeira
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