terça-feira, 23 de abril de 2013

Fermentação do molho de soja tradicional


Criado na China há cerca de 3.000 anos, o antepassado do molho de soja moderno: um líquido encorpado e fermentado naturalmente, não tem muito a ver com a garrafinha que se encontra nas cozinhas e nas mesas dos restaurantes do mundo inteiro. A base de boa parte da cultura gastronômica de Xangai são alimentos refogados, cozidos, preparados na frigideira com este líquido salgado, cada vez mais difícil de encontrar na versão tradicional.
Segundo a receita tradicional, três eram os ingredientes básicos do molho de soja – sementes de soja, sal e água – fermentados durante seis meses ou mais com fungos especiais. Às vezes, adicionava-se trigo também. Hoje, contudo, a maioria dos molhos de soja é feita em poucos dias, usando soja hidrolisada: as sementes de soja são fervidas em ácido clorídrico durante 15 a 20 horas para produzir um aminoácido que é misturado ao carbonato de sódio e filtrado antes de adicionar corante de cor caramelo, xarope de milho e sal, para tentar reproduzir o sabor do molho tradicional. 
Em Qian Wan Long, a partir do final do século XIX, é produzido o verdadeiro molho de soja com métodos tradicionais. Infelizmente, o de Qian Wan Long é um dos últimos molhos artesanais, fermentados naturalmente, ainda comercializados na China. Uma arte em risco de extinção que, se desaparecer para sempre, mudará radicalmente a cozinha chinesa.
 O molho de soja de Qian Wan Long não contém conservantes ou aditivos. O processo começa com a seleção das sementes de soja de alta qualidade, não modificadas geneticamente. As sementes são lavadas e cozidas antes de acrescentar farinha de trigo e de arroz, para permitir o amadurecimento do fungo Aspergillus Oryzae. Acrescenta-se, então, o sal, deixando o composto fermentar num recipiente de barro gigante, coberto com uma tampa cônica de bambu, durante aproximadamente um ano e meio. O produto de maior qualidade exige dois anos de fermentação para alcançar o amadurecimento correto.

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